Lula atende Putin e veta venda de artilharia que iria para Ucrânia
3 min read
Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva (R) speaks with his Russian counterpart Vladimir Putin prior to a working session of the G8 leaders and African nations, 08 June 2007 on the last day of the G8 summit in Heiligendamm, northeastern Germany. The Group of Eight wealthiest nations agreed to pledge 60 billion dollars to fight AIDS and malaria in Africa. AFP PHOTO / ITAR-TASS / PRESIDENTIAL PRESS SERVICE Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva (Photo by DMITRY ASTAKHOV / ITAR-TASS / AFP)
Fontes diplomáticas e militares relataram à CNN que a Rússia pediu a proibição da venda de artilharia anti-aérea do Brasil para a Alemanha e que seria repassada para a Ucrânia. O pedido do presidente russo, Vladimir Putin, foi atendido pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Trata-se da munição para o sistema móvel antiaéreo Gepard, que foi adquirido pelo Brasil do Exército alemão para a segurança e defesa do país durante a Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas do Rio, em 2016.
Na mesma negociação, o Exército brasileiro adquiriu também tanques Leopard I.
No entanto, não houve necessidade nesses grandes eventos de utilização desses equipamentos, e os militares brasileiros passaram a avaliar um destino para as munições.
As saídas possíveis implicavam alto custo. Uma delas, seria utilizar o armamento em treinamentos, mas isso implicaria um alto gasto de manutenção dos canhões que disparam a munição.
Outra saída seria simplesmente se desfazer do material, o que também acarretaria em gastos elevados, em especial para evitar danos ambientais.
Para dificultar ainda mais, o negócio, como em muitas transações militares, tinha uma cláusula de “end user”, ou seja, apenas o comprador poderia ser seu destinatário final.
Isso levou o governo a considerar revender a munição para a Alemanha, para que o país europeu a repassasse para o Qatar, interessado no armamento para utilizá-lo na segurança da Copa do Mundo de 2022.
No meio dessa negociação estourou a guerra da Ucrânia e ela foi suspensa.
Nas últimas semanas, houve uma solicitação de munição da Ucrânia para a Alemanha, e o governo alemão de Olaf Scholz fez a proposta para o governo brasileiro. O governo russo e Vladmir Putin soube e se colocou contra a transação.
Procuradas pela CNN, as embaixadas da Alemanha, Ucrânia e Rússia não se manifestaram.
O ministério da Defesa e o Palácio do Planalto também não quiseram se manifestar.
Em nota encaminhada à CNN, o Itamaraty afirmou que “não se aplica a possibilidade de veto russo ou de qualquer país à venda de quaisquer produtos de defesa por parte de empresas brasileiras”.
“A legislação vigente sobre o controle de exportação de produtos de defesa pelo Ministério das Relações Exteriores é o Decreto 9607/2018, que estabelece a ‘Política Nacional de Exportação e Importação de Produtos de Defesa’ (PNEI-PRODE), e a Portaria SEPROD/SG-MD Nº 5.216, de dezembro de 2021, que atualizou a “Lista de Produtos de Defesa” (LIPRODE)”, complementou o Ministério de Relações Exteriores.
O Itamaraty afirmou ainda que “o Brasil não exporta produtos de defesa para países em conflito”.
“A possibilidade da realização de um contrato para o desfazimento das munições excedentes do sistema Gepard foi analisada pelo governo brasileiro. Não se considerou conveniente a devolução da munição adquirida da Alemanha em 2014”, disse o Itamaraty.
Por CNN.